Análise e Crítica Social
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@moumiguel7070 said in Análise e Crítica Social:
Tema 1 - A Eutanásia
Já descortinei um bocado o tema, e agora é a vossa vez
Vamos a isso!
Dois temas que costumam ser trazidos para debate são: 1️⃣o referendo e 2️⃣os cuidados paliativos!
1️⃣ O referendo é consagrado constitucionalmente e deve ser usado sempre que necessário em caso de liberdades coletivas, não creio que seja legítimo recorrer a referendo em caso de liberdades individuais.
Quando estas estão em causa a decisão para referendo significa que cada um dos cidadãos tem direito de decidir sobre a vida privada e íntima de terceiros. Quando está em causa o exercício de um direito próprio, de decisão individual, que não coloca em causa nenhum outro direito de terceiros, que legitimidade temos para, colectivamente, condicionar essa decisão?
2️⃣ Quanto aos Centros de Cuidados Paliativos e a Eutanásia, não são ideias contrárias, antagônicas, podem coexistir.
Deve ser concedido o direito a uma morte digna a doentes terminais que a ciência médica considera inequivocamente irrecuperáveis e esse direito deve poder ser exercido por vontade consciente. Com este direito legalizado com todos os cuidados que impõe, ninguém, nunca, está obrigado a exercê-lo.Venha o próximo!
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O maior problema da Eutanásia, para mim, é o não podermos adivinhar o futuro.
Entendo que sim há pessoas que têm doenças terminais que vão sofrer durante meses antes de morrer e que para encontrar uma possível cura demora anos que o doente não terá acesso tão cedo.
Contudo houve situações relatas em países onde a Eutanásia é legal em que após um período inicial onde havia muitas restrições sobre quem poderia pedir Eutanásia ou não, porém com o tempo houve uma banalização da Eutanásia então as pessoas mais idosas desses países quando lhes apetece uma doença que lhes iria dificultar o modo de viver mesmo não sendo uma doença que lhe tirará a vida tal como Parkinson.
Outro problema evidente nisto é o psicólogico do médico, porque é evidente que "matar" um ser semelhante deixa marcas, tanto que podemos averiguar que por norma quando há acidentes rodoviários uma coisa quando os mesmos acontecem existe apoio de um psicólogo, a banalização deixa marcas psicóticas que irão acompanhar o médico para toda a sua vida.
Claro que eu também posso simplesmente ter esta opinião por ser jovem e ver com maus olhos isto, pois parece me evidente que esta questão da eutanásia no nosso país foi muito mal abordada, parecendo uma tentativa de agrado.Falei do meu ponto de vista espero que ninguém fique chateado eu li superficialmente na altura que estavam a apresentar está proposta de lei e lembro de os mídia terem entrado em contato com um professor universitário Holandês que abordou mais as desvantagens da eutanásia e de como ela numa primeira instância parecia de uma forma mais restrita e que com o avançar dos anos a mesma se banalizou.
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@feelstrikex said in Análise e Crítica Social:
Entendo que sim há pessoas que têm doenças terminais que vão sofrer durante meses antes de morrer e que para encontrar uma possível cura demora anos que o doente não terá acesso tão cedo.
Às vezes nem é não teres acesso à cura mas sim que os cuidados paliativos deixarem de fazer efeito. Chegas a momentos quase de desespero.
Contudo houve situações relatas em países onde a Eutanásia é legal em que após um período inicial onde havia muitas restrições sobre quem poderia pedir Eutanásia ou não, porém com o tempo houve uma banalização da Eutanásia então as pessoas mais idosas desses países quando lhes apetece uma doença que lhes iria dificultar o modo de viver mesmo não sendo uma doença que lhe tirará a vida tal como Parkinson.
Banalizar jamais. Devem sempre existir critérios para ela ser validada.
Outro problema evidente nisto é o psicólogico do médico
Esse poderá ser o pior ponto, mas podem existir diversos métodos e um deles pode passar por ser o próprio doente se tiver condições a provocar a própria eutanásia.
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@jfpd-ubi said in Análise e Crítica Social:
@moumiguel7070 said in Análise e Crítica Social:
Tema 1 - A Eutanásia
Já descortinei um bocado o tema, e agora é a vossa vez
Vamos a isso!
Dois temas que costumam ser trazidos para debate são: 1️⃣o referendo e 2️⃣os cuidados paliativos!
Outro tema: 3️⃣ testamento vital!
No testamento vital é possível dizer que não queremos ser submetidos a reanimação cardiorrespiratória, a meios invasivos de suporte artificial de funções vitais, a medidas de alimentação e hidratação artificiais para retardar o processo natural de morte, etc. Estão a ver onde quero chegar?
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Estou a gostar do debate, das ideias apresentadas e dos novos conceitos apresentados aqui
Relembro que a cada sexta-feira, geralmente, será colocado um tema novo e que vocês podem perfeitamente sugerir temasPosto isto, vou dar o meu contributo ao debate.
Eu sou a favor mas não posso evitar pensar sempre num referendo, que para mim é uma das ferramentas mais eficazes numa democracia, uma vez que dá voz ao povo e a vontade da maioria é imposta num tema estruturante das nossas sociedades.
O referendo pode ser uma ideia útil uma vez que, embora seja a favor, não considero que exista uma "resposta definitiva" para temas estruturantes e centrais como este. Isto porque devemos sempre ter em atenção ao contexto social, religioso, político e cultural no qual se insere o país e os cidadãos do mesmo.
Simplificando um bocado a ideia: Portugal, estado laico na teoria mas católico na prática, é um país da UE (havendo, salvo erro, apenas 3 países da UE com a Eutanásia legalizada e 4 se contarmos com a Suiça) e que é tremendamente influenciada pela instituição que representa a Igreja.
Os nosso costumes, a forma de vermos o certo e o errado, a forma de pensarmos, de comunicarmos, de agirmos e até na forma como vivemos diariamente (crescer, casar, ter filhos, comprar casa, etc...) são um produto de todo um contexto religioso que nos afeta quotidianamente, consciente ou inconscientemente. E é que o quadro conceitual e teórico do tema religioso é muito mais abrangente do que o que acabei de escrever.Devemos ter em atenção, por exemplo, ao contexto da Suiça, da Holanda, da Bélgica e do Luxemburgo. Existem também vários moldes de como esta ser despenalizada e é nisso que devemos nos centrar, politicamente, se quisermos que seja legalizada (caso contrário, ela não teria sido chumbada pelo Tribunal Constitucional).
Primeiro referi a questão religiosa, falando agora sobre o contexto político, é necessário termos também atenção ao tipo de políticas que são aplicadas cá (e lá, se quisermos comparar). Logicamente, num governo do CDS, seria impossível colocar uma proposta de lei dessas a ser debatida no parlamento porque seria logo chumbada (mesmo através da exceção dos mecanismos que permitem que cidadãos levem propostas a serem debatidas em Parlamento, de nada serviria). Ou seja, é também necessário termos atenção aos Partidos que estão instalados e se o tema é importante para eles ou não. Depois podemos voltar a ter a questão do referendo mas já falei nisso e também já falara nisso mas não deixa de ser uma questão política, que, por acaso, em Portugal, não é utilizada (algo que na Suiça é recorrente).
Num contexto social e cultural, podemos abordar a questão de uma ótica diferente. Há dias via o Boaventura de Sousa Santos a dizer que o conceito de Velhice mudou e é verdade. Criou-se a ideia de que um velho para nada serve e o lar é um depósito de velhos, que lhes faz perder a auto estima. Concordo. Em Portugal, essa ideia criou-se e disseminou-se bastante (veja-se o cartaz aquele famoso de "não matem os velhinhos", é um sintoma de como pensamos, culturalmente, sobre os velhos... note-se também o paternalismo existente ao trata-lo por "velhinho" como se a eutanásia viesse para matar tudo e todos), algo que noutros países não acontece, os velhos são vistos como sabedoria, são eles que transferem conhecimento para os mais novos e isto faz parte do contexto cultural que referia mais acima (o conceito "velho" é mesmo assim, sociologicamente falando e concordo, não se deve chamar a um negro "escurinho", da mesma forma que não devemos usar eufemismos para disfarçar os conceitos que, infelizmente, são conotados como pejorativos)
Olhar para a Eutanásia deste modo é errado. Isto não é uma questão de idade mas sim de dignidade no fim da vida, em que se sofre individualmente e coletivamente (através dos familiares, por exemplo). Será que é egoísmo deixarmos os outros para trás por causa da nossa dor? Ou será que é egoísmo não darmos liberdade a uma pessoa de deixar de sofrer incessantemente?
Talvez não tenha resolvido nada e só tenha vindo trazer mais confusão mas é assim mesmo que gosto hehehe
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O que o @JFPD-UBI referiu sobre os cuidados paliativos também me causou bastante curiosidade na altura, sempre apresentaram isso como uma alternativa mas não sei até que ponto o poderá ser porque não tenho conhecimento suficiente sobre o processo em si.
Apenas digo que arrastrar o sofrimento das pessoas é injusto e egoísta. -
Não podemos esquecer-nos que isto aconteceu todos os dias durante os picos da epidemia, em que o médico tinha de escolher quem seria destinado a ir para os ventiladores. E isso é contra o juramento de Hipócrates.
Os médicos têm de ter, nesse sentido, acompanhamento e formação para tal. A passagem do modelo biomédio para o modelo biopsicossial, que os novos médicos formados têm vindo a adotar, tem vindo a tornar o médico mais consciente de que uma pessoa não é apenas um corpo e que não devemos ver a realidade de forma tão dualista, tal como Descartes nos fazia ver. Certamente, com a nova geração de médicos (e tenho visto tanto da velha como da nova geração a defender a legalização) teremos médicos muito mais conscientes de que o paciente sofre, de que a família sofre. Não estou a dizer que os médicos agora não tenham essa noção, porque, de facto, a têm mas eles estão habituados a lidar com a morte (e isto podemos sempre perguntar ao nosso vizinho ou amigo médico). E há varias formas de a morte se apresentar na vida das pessoas: é diferente cometer um erro e matar a pessoa ou que morra de repente porque sim, do que ajudá-la a acabar com a dor e num processo com variadas etapas (de aí o nome "morte medicamente assistida") -
Eu pessoalmente não tenho como tudo preparado nem fiz pesquisa sobre tal apenas escrevi de memória tudo o que assimilei na altura, logicamente que irão existir opiniões diferentes, porém como tudo, eu não quero dizer que acho a eutanásia como a solução para todos os problemas da vida da pessoa agora temos de olhar para as realidades onde essa lei já foi aprovada e então fazer todos os levantamentos tanto dos seus pontos positivos como seus pontos negativos. O Estado acho que não consegui fazer também um estudo complexo nessa área.
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@feelstrikex Claro amigo, estava só a mostrar-te o outro lado da moeda do teu argumento e podes sempre expressar a tua opinião, mesmo não sendo a mais partilhada por todos, um dos objetivos é mesmo esse, mostrar vários lados
Btw, concordo plenamente que deve existir um aprofundar relativamente ao projeto, seja a nível dos moldes como a nível legal.
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Up up maltinha, continuem a debater que há aqui tanta coisa interessante por onde pegar
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A Eutanásia
A palavra eutanásia deriva dum vocábulo grego composto por “eu” (bom) e “thanatos” (morte), e literalmente significava “boa morte”, no sentido duma morte tranquila, sem sofrimento. Não tinha, pois, a conotação polémica, e até ominosa, que hoje se lhe atribui.
https://ordemdosmedicos.pt/a-eutanasia/- Defendo a eutanásia como um direito próprio e nunca como uma obrigação como já antes falaram aqui no tópico.
- Este "direito" só faz sentido em situações de sofrimento enorme sendo que a cura não existe e a morte está só a ser adiada.
- Quando existe um enorme sofrimento do doente e não só, porque todos aqueles que estão connosco nas piores horas, sejam familiares, amigos ou colegas de trabalho, etc... também sofrem continuamente. Estes também merecem ser tranquilizados e seguir em frente.
Claro que em tudo há sempre um "mas", é normal que assim seja, aliás, quem seríamos nós humanos hoje se não existissem pontos de vista diferentes ?
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@feelstrikex said in Análise e Crítica Social:
Outro problema evidente nisto é o psicólogico do médico, porque é evidente que "matar" um ser semelhante deixa marcas, tanto que podemos averiguar que por norma quando há acidentes rodoviários uma coisa quando os mesmos acontecem existe apoio de um psicólogo, a banalização deixa marcas psicóticas que irão acompanhar o médico para toda a sua vida.
É uma questão pertinente mas do meu conhecimento, os médicos são a favor da Eutanásia.
Em 2007 um estudo indicava cerca de 40% dos profissionais a favor, em 2018 um outro estudo indicava cerca de 51% e em 2019 um outro estudo já indicava que 55% concordava com a eutanásia voluntária. No entanto acho que era relevante ser feito um estudo alargado englobando todos os profissionais de saúde visto que são milhares e nestes estudos usarem uma amostra muito reduzida. -
Continuem a dar argumentos, o tema foi e é interessante/importante.
Também já sabem que podem dar sugestões de próximos temas!!! -
Não há mais debate, amigos?
Irei pensar já no próximo tema, entretanto, já sabem, volto a frisar que estão a vontade para sugerir quaisquer tópico.
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Tema 2 - Legalização da Cannabis para fins recreativos
Este é uma tema controverso, que mexe com uma diversidade de temas tal como o económico, social, político e ético.
Se por um lado, a legalização tornaria o produto "mais banal" e iria "gerar receitas para o Estado", por outro lado, algo mais conservador, acredita que é "um pecado" legalizar drogas leves, porque, de facto, são drogas.
Desta vez, no lugar de me estender em demasia nos comentários, vou tece-los agora de modo a abrir o debate:
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Culturalmente, o café é proibido em alguns sítios mas cá é legal. O mesmo acontece com a Cannabis, em alguns países é legal, mas ca não o é.
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Economicamente, a cannabis é um negócio para o Estado, para além de tornar mais seguro o seu consumo, por exemplo. Isto desde a perspetiva de quem está a favor.
Do lado de quem está contra, e que, à priori, é das visões mais partilhadas em Portugal, é de que socialmente a cannabis não é aceite e, já desde um lado político, pode ser prejudicial. -
Existem variantes da cannabis como a CBD, que já é incluída no vinho, por exemplo.
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Eu sou a favor da legalização. Primeiro pq o consumo seria controlado. Segundo, iria trazer algumas receitas para o estado através de impostos. Por último e mais importante de todas, porque faz bem a diversos problemas de saúde.
Muitas pessoas acho que tem ideia que iria existir uma espécie de um dealer a vender canábis aos drogados mas não seria isto porque não é este o objetivo. -
Bora maltinha, não se esqueçam de dar a vossa opinião
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Então não há mais argumentos? Será que é necessário mudar de tema?
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Tema 3 - Pena de Morte
A pena de morte tem sido um dos temas mais estruturantes da nossa sociedade, inclusive, sendo esta sugerida pelo partido político liderado por André Ventura - CHEGA.
A pena de morte tem, para além de ser tema político, tem sido um tema filosófico, ético, moral, social e até económico.
Quanto vale a vida humana? Quanto custa um recluso ao Estado? É possível a reinserção social? É moral "matar" um criminoso?
Estas são algumas das perguntas mais populares, mas há quem defenda todo tipo de perspetivas. Por exemplo, os pedófilos é que devem ser condenados a pena de morte. Por outras palavras, existem uma imensidão de perspetivas quanto a pena de morte. O que é realmente justiça?
Qual é a vossa opinião?
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Amigos, este tópico aceita todo tipo de opiniões, de debates, críticas, análises, etc... não deixem cair no esquecimento um tópico que procura dinamizar, promover e incentivar o pensamento crítico de forma pedagógica.