Análise e Crítica Social
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Boa noite a todos,
Este tópico nasce na procura de uma maior e mais eficaz reflexão, fora do futebol, de quem procura os fóruns, por outras palavras, procurar, pedagogicamente, uma maior dinamização dos fóruns, para além de uma procura de consciencialização.
Os moldes destes tópico são simples: a cada 7-10 dias (o tempo poderá variar consoante o interesse do tema) será colocado um tema atual da nossa sociedade, como, por exemplo, o conflito israelo-palestiniano.
Espero que seja um tópico onde todos possam dar a sua opinião de forma objetiva na medida que em que existam argumentos diversos, debate, diversidade, etc...
Para já, vou dar 1-2 dias para que possam sugerir alterações aos moldes do tópico, sugerir temas atuais sobre a sociedade (note-se que quando falamos de sociedade, refiro-me a todo tipo de tema), sugestões de como tornar o tópico mais dinâmico, etc...
Espero que não seja mais um tópico que caia no esquecimento.
*Tópico criado com a devida permissão
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Boas, acho interessante
A minha sugestão é que seja isso mesmo, temas variados ... Penso que um tema por semana seja ótimo, começando sempre aos Domingos um novo tema, por exemplo.
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@sr-bmfa
Concordo um tema interessante que deve ter um dia próprio para fechar e abrir com outra temática, porém @moumiguel7070 acho que não falar de futebol será muito complicado porque pode acontecer certos incidentes que irão estar na boca do mundo relacionado ao futebol e a sua corrupção... -
@feelstrikex
Para isso temos outros tópicos, a minha ideia é que a malta que para aqui possa falar de outras cenas além do OSM e do SCP, FCP e SLB.... Bora puxar por outras cenas além do clubismo.... Há tanta cena do dia a dia que é importante debater... -
@sr-bmfa
Bem haja, amigo!!! -
@moumiguel7070
Não falei do clubismo mas sim de problemas sociais em que os clubes surgem como protagonistas tipo a critica recém feita no programa "Isto é a gozar com quem trabalha" onde houve uma crítica feita ao Luís Filipe Vieira. É um tema pertinente. Como o caso Rui Pinto. Sei que não são os alvo. -
Acredito que exista uma certa importância nesses temas, mas, achas que a malta "mais fervorosa" consegue deixar o clubismo à porta?
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Tema 1 - A Eutanásia
A Eutanásia e a Morte Assistida são temas centrais e estruturantes da nossa sociedade, e um dos argumentos mais defendidos pelos céticos é de que é necessária uma maior discussão sobre o tema. Eis que temos aqui a oportunidade de o fazer.
Portugal, em Janeiro deste mesmo ano, legalizou-a e iria tornar-se no 4º país da Europa em assim o fazer. Em Março, o Tribunal Constitucional chumba a lei devido a «Violação do princípio de determinabilidade da lei» e «insuficiente densidade normativa»
Este tema é transversal a várias esferas da sociedade nomeadamente à religião, na qual a Igreja Católica se opõe; à ética que nos relembra do juramento de Hipócrates (onde o médico não é considerado juiz da vida, ou seja, não tem de decidir quem morre ou vive); do ponto de vista Legal, onde o Código Penal não é claro sobre esta questão. Mas existem também questões políticas e sociais, ou seja, é um tema que toca na sociedade no geral.
Mas por outro lado, existem os argumentos que apoiam a legalização da Eutanásia. Um dos argumentos que é mais apoiado é de que este é um caminho para evitar a dor e o sofrimento de quem sofre doenças incuráveis ou em fase terminal ou que não tenha qualidade de vida, através deste caminho, ainda têm uma morte digna.
Também existem os argumentos mais filosóficos como os da determinação humana, onde a pessoa tem consciência, livre-arbítrio e pode decidir (com as etapas que envolvem o processo).Existem mais argumentos a favor e em contra, mas esses deixo-os para vocês. Já descortinei um bocado o tema, e agora é a vossa vez
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@moumiguel7070 said in Análise e Crítica Social:
Tema 1 - A Eutanásia
É um tema que dá para muita discussão.
Não serei a melhor pessoa para falar de um tema tão complexo mas penso que quem é a favor, de alguma maneira na sua vida se deparou com alguma situação em que sofreu ou viu sofrimento em alguém próximo.
Pessoalmente, já vivi de perto algo do género, e sei o que a pessoa sofreu e fez sofrer. Porque quem sofre não é apenas a própria pessoa. A sua família ou todos aqueles que lhe são próximos acabam por sofrer também e não é uma situação nada fácil.
Consigo perceber todos os pontos de vista, no entanto pendo mais para o lado a favor.
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@moumiguel7070 said in Análise e Crítica Social:
Tema 1 - A Eutanásia
Eu sou a favor da Eutanásia. Ninguém tem o direito de decidir se vivo ou morro porque não são essas pessoas que estão a sofrer. Mas também concordo que devem existir alguns critérios para que seja validado o processo para que uma pessoa seja eutanasiada.
O que algumas pessoas não querem entender é que a Eutanásia é um direito e nunca uma obrigação. -
@moumiguel7070 said in Análise e Crítica Social:
Tema 1 - A Eutanásia
Já descortinei um bocado o tema, e agora é a vossa vez
Vamos a isso!
Dois temas que costumam ser trazidos para debate são: 1️⃣o referendo e 2️⃣os cuidados paliativos!
1️⃣ O referendo é consagrado constitucionalmente e deve ser usado sempre que necessário em caso de liberdades coletivas, não creio que seja legítimo recorrer a referendo em caso de liberdades individuais.
Quando estas estão em causa a decisão para referendo significa que cada um dos cidadãos tem direito de decidir sobre a vida privada e íntima de terceiros. Quando está em causa o exercício de um direito próprio, de decisão individual, que não coloca em causa nenhum outro direito de terceiros, que legitimidade temos para, colectivamente, condicionar essa decisão?
2️⃣ Quanto aos Centros de Cuidados Paliativos e a Eutanásia, não são ideias contrárias, antagônicas, podem coexistir.
Deve ser concedido o direito a uma morte digna a doentes terminais que a ciência médica considera inequivocamente irrecuperáveis e esse direito deve poder ser exercido por vontade consciente. Com este direito legalizado com todos os cuidados que impõe, ninguém, nunca, está obrigado a exercê-lo.Venha o próximo!
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O maior problema da Eutanásia, para mim, é o não podermos adivinhar o futuro.
Entendo que sim há pessoas que têm doenças terminais que vão sofrer durante meses antes de morrer e que para encontrar uma possível cura demora anos que o doente não terá acesso tão cedo.
Contudo houve situações relatas em países onde a Eutanásia é legal em que após um período inicial onde havia muitas restrições sobre quem poderia pedir Eutanásia ou não, porém com o tempo houve uma banalização da Eutanásia então as pessoas mais idosas desses países quando lhes apetece uma doença que lhes iria dificultar o modo de viver mesmo não sendo uma doença que lhe tirará a vida tal como Parkinson.
Outro problema evidente nisto é o psicólogico do médico, porque é evidente que "matar" um ser semelhante deixa marcas, tanto que podemos averiguar que por norma quando há acidentes rodoviários uma coisa quando os mesmos acontecem existe apoio de um psicólogo, a banalização deixa marcas psicóticas que irão acompanhar o médico para toda a sua vida.
Claro que eu também posso simplesmente ter esta opinião por ser jovem e ver com maus olhos isto, pois parece me evidente que esta questão da eutanásia no nosso país foi muito mal abordada, parecendo uma tentativa de agrado.Falei do meu ponto de vista espero que ninguém fique chateado eu li superficialmente na altura que estavam a apresentar está proposta de lei e lembro de os mídia terem entrado em contato com um professor universitário Holandês que abordou mais as desvantagens da eutanásia e de como ela numa primeira instância parecia de uma forma mais restrita e que com o avançar dos anos a mesma se banalizou.
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@feelstrikex said in Análise e Crítica Social:
Entendo que sim há pessoas que têm doenças terminais que vão sofrer durante meses antes de morrer e que para encontrar uma possível cura demora anos que o doente não terá acesso tão cedo.
Às vezes nem é não teres acesso à cura mas sim que os cuidados paliativos deixarem de fazer efeito. Chegas a momentos quase de desespero.
Contudo houve situações relatas em países onde a Eutanásia é legal em que após um período inicial onde havia muitas restrições sobre quem poderia pedir Eutanásia ou não, porém com o tempo houve uma banalização da Eutanásia então as pessoas mais idosas desses países quando lhes apetece uma doença que lhes iria dificultar o modo de viver mesmo não sendo uma doença que lhe tirará a vida tal como Parkinson.
Banalizar jamais. Devem sempre existir critérios para ela ser validada.
Outro problema evidente nisto é o psicólogico do médico
Esse poderá ser o pior ponto, mas podem existir diversos métodos e um deles pode passar por ser o próprio doente se tiver condições a provocar a própria eutanásia.
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@jfpd-ubi said in Análise e Crítica Social:
@moumiguel7070 said in Análise e Crítica Social:
Tema 1 - A Eutanásia
Já descortinei um bocado o tema, e agora é a vossa vez
Vamos a isso!
Dois temas que costumam ser trazidos para debate são: 1️⃣o referendo e 2️⃣os cuidados paliativos!
Outro tema: 3️⃣ testamento vital!
No testamento vital é possível dizer que não queremos ser submetidos a reanimação cardiorrespiratória, a meios invasivos de suporte artificial de funções vitais, a medidas de alimentação e hidratação artificiais para retardar o processo natural de morte, etc. Estão a ver onde quero chegar?
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Estou a gostar do debate, das ideias apresentadas e dos novos conceitos apresentados aqui
Relembro que a cada sexta-feira, geralmente, será colocado um tema novo e que vocês podem perfeitamente sugerir temasPosto isto, vou dar o meu contributo ao debate.
Eu sou a favor mas não posso evitar pensar sempre num referendo, que para mim é uma das ferramentas mais eficazes numa democracia, uma vez que dá voz ao povo e a vontade da maioria é imposta num tema estruturante das nossas sociedades.
O referendo pode ser uma ideia útil uma vez que, embora seja a favor, não considero que exista uma "resposta definitiva" para temas estruturantes e centrais como este. Isto porque devemos sempre ter em atenção ao contexto social, religioso, político e cultural no qual se insere o país e os cidadãos do mesmo.
Simplificando um bocado a ideia: Portugal, estado laico na teoria mas católico na prática, é um país da UE (havendo, salvo erro, apenas 3 países da UE com a Eutanásia legalizada e 4 se contarmos com a Suiça) e que é tremendamente influenciada pela instituição que representa a Igreja.
Os nosso costumes, a forma de vermos o certo e o errado, a forma de pensarmos, de comunicarmos, de agirmos e até na forma como vivemos diariamente (crescer, casar, ter filhos, comprar casa, etc...) são um produto de todo um contexto religioso que nos afeta quotidianamente, consciente ou inconscientemente. E é que o quadro conceitual e teórico do tema religioso é muito mais abrangente do que o que acabei de escrever.Devemos ter em atenção, por exemplo, ao contexto da Suiça, da Holanda, da Bélgica e do Luxemburgo. Existem também vários moldes de como esta ser despenalizada e é nisso que devemos nos centrar, politicamente, se quisermos que seja legalizada (caso contrário, ela não teria sido chumbada pelo Tribunal Constitucional).
Primeiro referi a questão religiosa, falando agora sobre o contexto político, é necessário termos também atenção ao tipo de políticas que são aplicadas cá (e lá, se quisermos comparar). Logicamente, num governo do CDS, seria impossível colocar uma proposta de lei dessas a ser debatida no parlamento porque seria logo chumbada (mesmo através da exceção dos mecanismos que permitem que cidadãos levem propostas a serem debatidas em Parlamento, de nada serviria). Ou seja, é também necessário termos atenção aos Partidos que estão instalados e se o tema é importante para eles ou não. Depois podemos voltar a ter a questão do referendo mas já falei nisso e também já falara nisso mas não deixa de ser uma questão política, que, por acaso, em Portugal, não é utilizada (algo que na Suiça é recorrente).
Num contexto social e cultural, podemos abordar a questão de uma ótica diferente. Há dias via o Boaventura de Sousa Santos a dizer que o conceito de Velhice mudou e é verdade. Criou-se a ideia de que um velho para nada serve e o lar é um depósito de velhos, que lhes faz perder a auto estima. Concordo. Em Portugal, essa ideia criou-se e disseminou-se bastante (veja-se o cartaz aquele famoso de "não matem os velhinhos", é um sintoma de como pensamos, culturalmente, sobre os velhos... note-se também o paternalismo existente ao trata-lo por "velhinho" como se a eutanásia viesse para matar tudo e todos), algo que noutros países não acontece, os velhos são vistos como sabedoria, são eles que transferem conhecimento para os mais novos e isto faz parte do contexto cultural que referia mais acima (o conceito "velho" é mesmo assim, sociologicamente falando e concordo, não se deve chamar a um negro "escurinho", da mesma forma que não devemos usar eufemismos para disfarçar os conceitos que, infelizmente, são conotados como pejorativos)
Olhar para a Eutanásia deste modo é errado. Isto não é uma questão de idade mas sim de dignidade no fim da vida, em que se sofre individualmente e coletivamente (através dos familiares, por exemplo). Será que é egoísmo deixarmos os outros para trás por causa da nossa dor? Ou será que é egoísmo não darmos liberdade a uma pessoa de deixar de sofrer incessantemente?
Talvez não tenha resolvido nada e só tenha vindo trazer mais confusão mas é assim mesmo que gosto hehehe
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O que o @JFPD-UBI referiu sobre os cuidados paliativos também me causou bastante curiosidade na altura, sempre apresentaram isso como uma alternativa mas não sei até que ponto o poderá ser porque não tenho conhecimento suficiente sobre o processo em si.
Apenas digo que arrastrar o sofrimento das pessoas é injusto e egoísta. -
Não podemos esquecer-nos que isto aconteceu todos os dias durante os picos da epidemia, em que o médico tinha de escolher quem seria destinado a ir para os ventiladores. E isso é contra o juramento de Hipócrates.
Os médicos têm de ter, nesse sentido, acompanhamento e formação para tal. A passagem do modelo biomédio para o modelo biopsicossial, que os novos médicos formados têm vindo a adotar, tem vindo a tornar o médico mais consciente de que uma pessoa não é apenas um corpo e que não devemos ver a realidade de forma tão dualista, tal como Descartes nos fazia ver. Certamente, com a nova geração de médicos (e tenho visto tanto da velha como da nova geração a defender a legalização) teremos médicos muito mais conscientes de que o paciente sofre, de que a família sofre. Não estou a dizer que os médicos agora não tenham essa noção, porque, de facto, a têm mas eles estão habituados a lidar com a morte (e isto podemos sempre perguntar ao nosso vizinho ou amigo médico). E há varias formas de a morte se apresentar na vida das pessoas: é diferente cometer um erro e matar a pessoa ou que morra de repente porque sim, do que ajudá-la a acabar com a dor e num processo com variadas etapas (de aí o nome "morte medicamente assistida") -
Eu pessoalmente não tenho como tudo preparado nem fiz pesquisa sobre tal apenas escrevi de memória tudo o que assimilei na altura, logicamente que irão existir opiniões diferentes, porém como tudo, eu não quero dizer que acho a eutanásia como a solução para todos os problemas da vida da pessoa agora temos de olhar para as realidades onde essa lei já foi aprovada e então fazer todos os levantamentos tanto dos seus pontos positivos como seus pontos negativos. O Estado acho que não consegui fazer também um estudo complexo nessa área.
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@feelstrikex Claro amigo, estava só a mostrar-te o outro lado da moeda do teu argumento e podes sempre expressar a tua opinião, mesmo não sendo a mais partilhada por todos, um dos objetivos é mesmo esse, mostrar vários lados
Btw, concordo plenamente que deve existir um aprofundar relativamente ao projeto, seja a nível dos moldes como a nível legal.
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Up up maltinha, continuem a debater que há aqui tanta coisa interessante por onde pegar