Análise e Crítica Social
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Estou a gostar do debate, das ideias apresentadas e dos novos conceitos apresentados aqui
Relembro que a cada sexta-feira, geralmente, será colocado um tema novo e que vocês podem perfeitamente sugerir temasPosto isto, vou dar o meu contributo ao debate.
Eu sou a favor mas não posso evitar pensar sempre num referendo, que para mim é uma das ferramentas mais eficazes numa democracia, uma vez que dá voz ao povo e a vontade da maioria é imposta num tema estruturante das nossas sociedades.
O referendo pode ser uma ideia útil uma vez que, embora seja a favor, não considero que exista uma "resposta definitiva" para temas estruturantes e centrais como este. Isto porque devemos sempre ter em atenção ao contexto social, religioso, político e cultural no qual se insere o país e os cidadãos do mesmo.
Simplificando um bocado a ideia: Portugal, estado laico na teoria mas católico na prática, é um país da UE (havendo, salvo erro, apenas 3 países da UE com a Eutanásia legalizada e 4 se contarmos com a Suiça) e que é tremendamente influenciada pela instituição que representa a Igreja.
Os nosso costumes, a forma de vermos o certo e o errado, a forma de pensarmos, de comunicarmos, de agirmos e até na forma como vivemos diariamente (crescer, casar, ter filhos, comprar casa, etc...) são um produto de todo um contexto religioso que nos afeta quotidianamente, consciente ou inconscientemente. E é que o quadro conceitual e teórico do tema religioso é muito mais abrangente do que o que acabei de escrever.Devemos ter em atenção, por exemplo, ao contexto da Suiça, da Holanda, da Bélgica e do Luxemburgo. Existem também vários moldes de como esta ser despenalizada e é nisso que devemos nos centrar, politicamente, se quisermos que seja legalizada (caso contrário, ela não teria sido chumbada pelo Tribunal Constitucional).
Primeiro referi a questão religiosa, falando agora sobre o contexto político, é necessário termos também atenção ao tipo de políticas que são aplicadas cá (e lá, se quisermos comparar). Logicamente, num governo do CDS, seria impossível colocar uma proposta de lei dessas a ser debatida no parlamento porque seria logo chumbada (mesmo através da exceção dos mecanismos que permitem que cidadãos levem propostas a serem debatidas em Parlamento, de nada serviria). Ou seja, é também necessário termos atenção aos Partidos que estão instalados e se o tema é importante para eles ou não. Depois podemos voltar a ter a questão do referendo mas já falei nisso e também já falara nisso mas não deixa de ser uma questão política, que, por acaso, em Portugal, não é utilizada (algo que na Suiça é recorrente).
Num contexto social e cultural, podemos abordar a questão de uma ótica diferente. Há dias via o Boaventura de Sousa Santos a dizer que o conceito de Velhice mudou e é verdade. Criou-se a ideia de que um velho para nada serve e o lar é um depósito de velhos, que lhes faz perder a auto estima. Concordo. Em Portugal, essa ideia criou-se e disseminou-se bastante (veja-se o cartaz aquele famoso de "não matem os velhinhos", é um sintoma de como pensamos, culturalmente, sobre os velhos... note-se também o paternalismo existente ao trata-lo por "velhinho" como se a eutanásia viesse para matar tudo e todos), algo que noutros países não acontece, os velhos são vistos como sabedoria, são eles que transferem conhecimento para os mais novos e isto faz parte do contexto cultural que referia mais acima (o conceito "velho" é mesmo assim, sociologicamente falando e concordo, não se deve chamar a um negro "escurinho", da mesma forma que não devemos usar eufemismos para disfarçar os conceitos que, infelizmente, são conotados como pejorativos)
Olhar para a Eutanásia deste modo é errado. Isto não é uma questão de idade mas sim de dignidade no fim da vida, em que se sofre individualmente e coletivamente (através dos familiares, por exemplo). Será que é egoísmo deixarmos os outros para trás por causa da nossa dor? Ou será que é egoísmo não darmos liberdade a uma pessoa de deixar de sofrer incessantemente?
Talvez não tenha resolvido nada e só tenha vindo trazer mais confusão mas é assim mesmo que gosto hehehe
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O que o @JFPD-UBI referiu sobre os cuidados paliativos também me causou bastante curiosidade na altura, sempre apresentaram isso como uma alternativa mas não sei até que ponto o poderá ser porque não tenho conhecimento suficiente sobre o processo em si.
Apenas digo que arrastrar o sofrimento das pessoas é injusto e egoísta. -
Não podemos esquecer-nos que isto aconteceu todos os dias durante os picos da epidemia, em que o médico tinha de escolher quem seria destinado a ir para os ventiladores. E isso é contra o juramento de Hipócrates.
Os médicos têm de ter, nesse sentido, acompanhamento e formação para tal. A passagem do modelo biomédio para o modelo biopsicossial, que os novos médicos formados têm vindo a adotar, tem vindo a tornar o médico mais consciente de que uma pessoa não é apenas um corpo e que não devemos ver a realidade de forma tão dualista, tal como Descartes nos fazia ver. Certamente, com a nova geração de médicos (e tenho visto tanto da velha como da nova geração a defender a legalização) teremos médicos muito mais conscientes de que o paciente sofre, de que a família sofre. Não estou a dizer que os médicos agora não tenham essa noção, porque, de facto, a têm mas eles estão habituados a lidar com a morte (e isto podemos sempre perguntar ao nosso vizinho ou amigo médico). E há varias formas de a morte se apresentar na vida das pessoas: é diferente cometer um erro e matar a pessoa ou que morra de repente porque sim, do que ajudá-la a acabar com a dor e num processo com variadas etapas (de aí o nome "morte medicamente assistida") -
Eu pessoalmente não tenho como tudo preparado nem fiz pesquisa sobre tal apenas escrevi de memória tudo o que assimilei na altura, logicamente que irão existir opiniões diferentes, porém como tudo, eu não quero dizer que acho a eutanásia como a solução para todos os problemas da vida da pessoa agora temos de olhar para as realidades onde essa lei já foi aprovada e então fazer todos os levantamentos tanto dos seus pontos positivos como seus pontos negativos. O Estado acho que não consegui fazer também um estudo complexo nessa área.
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@feelstrikex Claro amigo, estava só a mostrar-te o outro lado da moeda do teu argumento e podes sempre expressar a tua opinião, mesmo não sendo a mais partilhada por todos, um dos objetivos é mesmo esse, mostrar vários lados
Btw, concordo plenamente que deve existir um aprofundar relativamente ao projeto, seja a nível dos moldes como a nível legal.
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Up up maltinha, continuem a debater que há aqui tanta coisa interessante por onde pegar
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A Eutanásia
A palavra eutanásia deriva dum vocábulo grego composto por “eu” (bom) e “thanatos” (morte), e literalmente significava “boa morte”, no sentido duma morte tranquila, sem sofrimento. Não tinha, pois, a conotação polémica, e até ominosa, que hoje se lhe atribui.
https://ordemdosmedicos.pt/a-eutanasia/- Defendo a eutanásia como um direito próprio e nunca como uma obrigação como já antes falaram aqui no tópico.
- Este "direito" só faz sentido em situações de sofrimento enorme sendo que a cura não existe e a morte está só a ser adiada.
- Quando existe um enorme sofrimento do doente e não só, porque todos aqueles que estão connosco nas piores horas, sejam familiares, amigos ou colegas de trabalho, etc... também sofrem continuamente. Estes também merecem ser tranquilizados e seguir em frente.
Claro que em tudo há sempre um "mas", é normal que assim seja, aliás, quem seríamos nós humanos hoje se não existissem pontos de vista diferentes ?
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@feelstrikex said in Análise e Crítica Social:
Outro problema evidente nisto é o psicólogico do médico, porque é evidente que "matar" um ser semelhante deixa marcas, tanto que podemos averiguar que por norma quando há acidentes rodoviários uma coisa quando os mesmos acontecem existe apoio de um psicólogo, a banalização deixa marcas psicóticas que irão acompanhar o médico para toda a sua vida.
É uma questão pertinente mas do meu conhecimento, os médicos são a favor da Eutanásia.
Em 2007 um estudo indicava cerca de 40% dos profissionais a favor, em 2018 um outro estudo indicava cerca de 51% e em 2019 um outro estudo já indicava que 55% concordava com a eutanásia voluntária. No entanto acho que era relevante ser feito um estudo alargado englobando todos os profissionais de saúde visto que são milhares e nestes estudos usarem uma amostra muito reduzida. -
Continuem a dar argumentos, o tema foi e é interessante/importante.
Também já sabem que podem dar sugestões de próximos temas!!! -
Não há mais debate, amigos?
Irei pensar já no próximo tema, entretanto, já sabem, volto a frisar que estão a vontade para sugerir quaisquer tópico.
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Tema 2 - Legalização da Cannabis para fins recreativos
Este é uma tema controverso, que mexe com uma diversidade de temas tal como o económico, social, político e ético.
Se por um lado, a legalização tornaria o produto "mais banal" e iria "gerar receitas para o Estado", por outro lado, algo mais conservador, acredita que é "um pecado" legalizar drogas leves, porque, de facto, são drogas.
Desta vez, no lugar de me estender em demasia nos comentários, vou tece-los agora de modo a abrir o debate:
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Culturalmente, o café é proibido em alguns sítios mas cá é legal. O mesmo acontece com a Cannabis, em alguns países é legal, mas ca não o é.
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Economicamente, a cannabis é um negócio para o Estado, para além de tornar mais seguro o seu consumo, por exemplo. Isto desde a perspetiva de quem está a favor.
Do lado de quem está contra, e que, à priori, é das visões mais partilhadas em Portugal, é de que socialmente a cannabis não é aceite e, já desde um lado político, pode ser prejudicial. -
Existem variantes da cannabis como a CBD, que já é incluída no vinho, por exemplo.
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Eu sou a favor da legalização. Primeiro pq o consumo seria controlado. Segundo, iria trazer algumas receitas para o estado através de impostos. Por último e mais importante de todas, porque faz bem a diversos problemas de saúde.
Muitas pessoas acho que tem ideia que iria existir uma espécie de um dealer a vender canábis aos drogados mas não seria isto porque não é este o objetivo. -
Bora maltinha, não se esqueçam de dar a vossa opinião
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Então não há mais argumentos? Será que é necessário mudar de tema?
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Tema 3 - Pena de Morte
A pena de morte tem sido um dos temas mais estruturantes da nossa sociedade, inclusive, sendo esta sugerida pelo partido político liderado por André Ventura - CHEGA.
A pena de morte tem, para além de ser tema político, tem sido um tema filosófico, ético, moral, social e até económico.
Quanto vale a vida humana? Quanto custa um recluso ao Estado? É possível a reinserção social? É moral "matar" um criminoso?
Estas são algumas das perguntas mais populares, mas há quem defenda todo tipo de perspetivas. Por exemplo, os pedófilos é que devem ser condenados a pena de morte. Por outras palavras, existem uma imensidão de perspetivas quanto a pena de morte. O que é realmente justiça?
Qual é a vossa opinião?
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Amigos, este tópico aceita todo tipo de opiniões, de debates, críticas, análises, etc... não deixem cair no esquecimento um tópico que procura dinamizar, promover e incentivar o pensamento crítico de forma pedagógica.
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A pena de morte tem muito que se lhe diga pois não para muitos nem sequer é a justiça suficiente para os criminosos a aqueles que são defensores do que cá se fazem, cá se pagam.
Na minha opinião não deve ser legal, embora às vezes quando ouço determinados assuntos séria o mais justo.
Sobre a justiça cada um tem a sua justiça, agora a lei é só uma, em cada país, e é por ela que todos os cidadãos se regem, se na nossa "lei" deve haver ou não a pena de morte, acredito que é um tema muito longínquo daquilo que é a nossa atual cultura. -
Irei dar um mais uns dias para debater este tema, irei propor um novamente. Se entretanto não se justificar o tópico e este não estar a ser útil, infelizmente, terá de ser fechado. Uma pena, uma vez que tinha começado tão bem!!
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Estive a pensar, e se o tópico leva 2 temas sem ninguém o discutir, infelizmente, tenho de pedir aos moderadores que procedam ao fecho do mesmo, se assim o considerarem, uma vez que posso continuar a tentar dinamizá-lo embora pense que, por muita pena minha, já não se justifique.
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Eu não sou a favor da pena de morte. Acho que se é cometido um crime, a pessoa tem que pagar com ele e sofrer um pouco com isso na sua solidão. O que vai adiantar se ele morrer? Eu não sei o que está do lado de lá mas não acredito em céu e inferno.